E2 parabeniza colaboradoras com entrevista no dia internacional da mulher
No dia internacional da mulher, a E2 Engenharia e Empreendimentos tem o orgulho de exibir uma entrevista exclusiva com algumas mulheres da área da construção civil que representam a equipe feminina da empresa. Aproveitando a oportunidade, a instituição parabeniza todo seu corpo feminino de funcionário entre escritório e obras, valorizando o emprenho e dedicação de mulheres com fibra que buscam a cada dia seu espaço. Foi realizada uma série de perguntas e respostas bem interessantes que traçam perfis de gestão, sendo na prática e execução como a engenheira Katherine Ferraz, que estar à frente das obras da empresa a quase oito anos, e também na gerência administrativa, na qual, situações internas são geridas pela administradora Jaqueline Macedo.
Nome: Katherine Ferraz
Idade: 43 Anos
Profissão: Gerente de Obras
Nomes: Jaqueline Macedo
Idade: 35 Anos
Profissão: Administradora
- Como vocês definem o empoderamento feminino no mercado de trabalho em especial na construção civil?
Katherine: Ainda existe muita resistência, principalmente na relação de subordinação do homem a uma mulher. No decorrer da minha carreira passei por alguns constrangimentos, demorou um pouco para ser aceita nesse ambiente tradicionalmente masculino. Mas o mercado mudou, inclusive nas salas de aula, quando cursei engenharia, em minha sala eram apenas 3 mulheres; hoje se não está meio a meio, temos entre 30 a 40% de presença feminina. Esse movimento chegou para ficar, é uma consciência coletiva de fortalecimento das mulheres e igualdade de gênero.
Jaqueline: Eu percebo que para nós mulheres chegarmos a cargos de liderança é um degrau por vez, dificilmente somos contratadas para cargos como administradora da empresa, gestora de obras; não, ela vai subindo, vai conquistando seu espaço dentro da empresa. Isso é um reflexo deste mundo machista, os donos das empresas têm ainda esta resistência em relação a mulher, eles precisam conhecer o trabalho, acreditar que se tem potencial para um cargo de gestão. Dificilmente vão receber um currículo, analisar e contratar para cargos de chefia.
Katherine: Acredito que a pouca representatividade feminina na construção civil não se dava por preconceito e sim por machismo mesmo. As mulheres priorizavam seus casamentos e filhos, seguiam seus maridos. Até este perfil mudou, hoje muitas mulheres priorizam a carreira, os filhos ficam para depois dos 40 anos de idade.
Na construção civil especialmente é preciso abrir mão de muitas coisas, pensar em mulher grávida no canteiro de obra é meio surreal, dependendo da fase da obra é até possível, mas não recomendado.
- Existiu uma luta anterior, um abrir mão dos sonhos para se viver depois, outras mulheres trilharam esta estrada que hoje nós vivemos. Como vocês veem esta luta?
Katherine: O que estamos colhendo hoje é fruto da luta dessas mulheres que estavam a frente do seu tempo.
A mulher hoje é dona das suas escolhas.
Jaqueline: A mulher hoje em dia também pode ter filho em algumas funções, no meu caso, sou casada, tenho dois filhos, hoje exerço um cargo de liderança e consigo gerir a minha vida pessoal e ela não afeta a minha vida profissional. Isto também foi um benefício para a mulher, enxergar que ela tinha essa capacidade, de não ficar somente dentro de casa cuidando do filho, e o marido lá no mercado de trabalho. Eu também posso. Mas é uma questão de escolha, a mulher escolhe, faz o que quer.
- Qual foi o percurso que as trouxeram até os cargos que exercem hoje?
Katherine: Eu comecei como estagiária em uma construtora e permaneci nela até o fim da graduação. Após o fim do curso fui contratada e já estava tomando conta de obras grandes, mas sempre subordinada a um engenheiro, eu era engenheira de produção, a carreira da maioria é assim que se inicia.
Eu vim para a E2 Engenharia porque queria muito voltar para Vitória da Conquista, nasci aqui e passei muito tempo fora. Não vim por indicação, enviei o currículo, fiz uma entrevista, gostaram de mim e me deram esta oportunidade.
Eu vim recebendo metade do salário que recebia na outra empresa, onde já tinha um cargo de chefia, recomecei. Depois de 6 anos conquistei a confiança da Diretoria e a cada ano me lançam um novo desafio, estamos caminhando juntos, no ambiente corporativo sou tratada de igual para igual.
Jaqueline: Quando estava no fim do curso de administração fui estagiária, em uma indústria, passei por diversos setores, o que foi um grande aprendizado, na administração quando temos a oportunidade de enxergar uma empresa na sua totalidade a gente cresce muito.
Escolhi a área financeira, entrei na E2 como auxiliar financeira, depois passei a gerente financeira e hoje estou na gestão administrativa da empresa. É uma trajetória que foi construída.
Katherine: Agora assim, é o que Jaqueline pontuou lá atrás. Dificilmente uma mulher é contratada já para cargos de chefia. Por outro lado, na construção civil existe uma equiparação salarial, independente de ser homem ou mulher.
- O que vocês consideram atributos femininos e como vocês utilizam no dia a dia?
Katherine: Sensibilidade.
Jaqueline: Concordo com Katherine.
Katherine: Eu sou muito mais sensível aos problemas de cada um, tenho uma relação de proximidade. Eu me envolvo na vida de cada um, percebo quando estão com problema, me predisponho a escutar; consigo aproveitar o melhor de cada um, somos uma família.
Jaqueline: A mulher tem essa característica de cuidado, o homem é mais técnico, a mulher é mais humana, tem um olhar mais aprofundado para o colaborador e equipe. Ela não quer saber só se ele desempenhou bem ou não a função. Se não, o porque de não estar bem, qual motivo? Como eu posso ajudar, como podemos desenvolver essa habilidade ou transferir para outro setor para que possa aproveitar outras habilidades…
Katherine: Na gestão, utilizo muito disto, da sensibilidade. A mulher é muito mais detalhista e isso tecnicamente me favorece.
Eu vejo coisas aqui que ninguém vê, eu tenho fama na obra de ter olho de águia. O detalhe faz a diferença, o cuidado com organização e limpeza da obra por exemplo, é percebido por todos os visitantes. Não tem um funcionário aqui com calça rasgada, capacete sujo… eu não deixo, é um ambiente bem cuidado.
- Qual seria o conselho que vocês dariam para vocês no começo da carreira?
Katherine: Esqueça que você é mulher, não aceite menos do que merece, trabalhe focada no seu potencial, se houver resistência, derrube e se houver preconceito, enfrente.
Jaqueline: Você pode chegar onde você quiser, devemos correr atrás dos nossos sonhos e objetivos.
- Quem foi ou é a maior inspiração da vida de vocês?
Katherine: Minha Mãe, Olga. O melhor dela está em mim, era uma mulher independente, sensível, honesta, valorizava as pessoas e nos criou com muito trabalho.
Jaqueline: Minha inspiração também é a minha Mãe Elisabeth. Ela sempre fez a gente acreditar que eu e minha irmã não éramos diferentes do meu irmão, que nós podíamos também conquistar o mundo da mesma forma que ele. Ela sempre nos colocou para a frente, o mundo não tem limites, cada um tem seu espaço. Ela sempre foi muito determinada e isso inspira.
Katherine: Você é mais nova que eu, não sei se sua mãe é da mesma geração que a minha, mas eu ver minha estudando na UESB grávida da minha irmã caçula, meu Pai incomodado, super resistente porque ela não estava a noite em casa, sabe? Foi inspirador, me mostrou o quanto ela sabia o que queria, mesmo ás vezes abrindo mão de algumas coisas. Ela concluiu a faculdade, se separou. Hoje o que eu e minhas irmãs somos fruto dessa coragem. Foi ela quem bancou os nossos estudos. Não tem como não sermos um pouco dessa mulher.
Jaqueline: Percebo que tudo que somos hoje e que alcançamos é fruto dos estudos, minha mãe foi esta incentivadora, sempre nos motivando para que a gente não parasse, que seguisse em frente.
Katherine: Uma palavra que está na moda tanto quanto “empoderamento” é “resiliência”, aprendi com ela. Minha Mãe conviveu com um câncer por 12 anos, fez dois transplantes de medula. Se adaptou a essa mudança, não se via minha mãe reclamar de nada e nem questionar a Deus “porque com ela?”, dava entrada no hospital com a certeza de que ela iria sair bem, sempre otimista. Saia do hospital direto para uma pizzaria com um cateter pendurado aqui de lado. Ela queria viver, para mim isso é muito forte, eu trago isso para minha vida e para o meu trabalho, superação e resiliência.
- O que o dia internacional da mulher representa para vocês desde a infância até os dias de hoje?
Jaqueline: Acho que a mulher cada vez mais está ganhando espaço, ela está chegando onde antes não estava.
Katherine: A gente teve uma presidente da republica.
Jaqueline: Pois é, não se pensava que poderia ter uma mulher gerente de obras, hoje isso é comum. Pode não ser na mesma proporção, não é; mas já acontece. A mulher não parou, ela está evoluindo, crescendo. Ela precisa dizer que ela tem capacidade de alcançar o espaço que quer. Talvez não precisasse de uma data como o dia Internacional da Mulher, mas ainda existe uma certa mentalidade de que a mulher não é capaz de fazer muita coisa, então a data é válida para lembrar e discutir o espaço da mulher.
Katherine: Estamos falando muito sobre a questão profissional, mas o que está sendo debatido, o assédio, estupro, a mulher puder dizer não, puder usar minissaia, fazer topless e não ser mal interpretada. Acho que estas datas comemorativas são muito comerciais, mas o dia internacional da mulher é um momento de discursão, se abre uma janela e da voz a mulher.
Katherine: Esta discursão é importante, a pessoa vai ler esta matéria e se inspirar, entender que o gênero não é limitação na busca pelo seu o sonho. Sou de uma família de mulheres fortes, convivo com mulheres independentes. Eu e minhas irmãs somos guerreiras e minhas sobrinhas seguem a tradição, risos. Quer ser motorista, dirigir caminhão, carreta, ônibus, pilotar avião, trocar pneu? Vai.
Jaqueline: E as vezes não se tem mais estes questionamentos justamente por conta das discursões, que ao longo do tempo as pessoas sentam, conversam, discutem e percebem que é um movimento natural.
- Qual mensagem vocês querem enviar aos que leem esta entrevista, sobre a importância de não desistir?
Katherine: Aos homens eu peço respeito. Para as mulheres eu digo: vem comigo, tem espaço para todo mundo!
Jaqueline: Para as mulheres eu digo: Não existe limites, se a gente sonha, com objetivo e foco chegaremos onde quisermos. Para os homens: Estamos chegando!!!
Entrevista: Daniel Nunes
Fotos: Danilo Nunes
Texto: João Paulo Paixão